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23 de agosto de 2009

Capítulo 7

Cap 7

Ok, eu tinha decidido que viveria um dia de cada vez. Que não desperdiçaria minha existência com encanações;
Que o beijo da outra noite não fora nada. Que eu era madura o suficiente pra lidar com aquilo
Mas à luz do dia as coisas não pareciam assim tão fáceis.
Era ou não era traição? Afinal eu tinha um namorado. Tudo bem que eu não pensava muito nele ultimamente, mais precisamente quando comecei a andar com Rob, mas era normal não era?
Eu estava compenetrada no meu trabalho. E Robert era trabalho.
E pra piorar, eu tinha medo de que tivesse ficado um clima estranho entre nós.
Mas pelo menos este medo foi para o ralo quando ele apareceu na sua porta naquela noite do mesmo jeito de sempre, o sorriso torto e os cabelos bagunçados e um calhamaço de papel nas mãos
E com sua presença, toda e qualquer realidade também foi jogada pra debaixo do tapete. E quando ele sorriu pra mim, estava de novo naquele nosso mundinho particular, totalmente alheia ao resto.
-boa noite – ele falou imitando o sotaque americano
-esta cada vez melhor – eu falei e ele entrou.
-estou trabalhando nisto.
-Bom pra você – eu fechei a porta e reparei nos papéis em suas mãos
-é impressão minha ou o seu é está maior que o meu?
-não é só o meu script
Ele me passou os manuscritos e eu arregalei os olhos ao ver o título
-Midnight sun? Onde conseguiu isto?
-Eu roubei... - falou irônico – claro que a Steph me deu. É melhor pra construir o personagem
-Você vai me deixar ler não vai? - falei ansiosa
-Não deveria – ele sorriu maldoso e eu me preparei pra implorar
-Ah, por favor... eu faço o que você quiser!
Seu sorriso se alargou
-O que eu quiser? Esta ficando interessante
-Por favor!
-O que vai me dar em troca?
-Não deveria querer nada em troca! Isto é trabalho, eu também preciso saber o lado do Edward
-Não precisa não - ele tentou arrancar as folhas da minha mão, mas eu não deixei, me afastando, mas ele me puxou pela blusa. Eu ri, me contorcendo, enquanto tentava mantê-lo longe do manuscrito.
-me dá isto Kristen – ele também ria divertido
-Não! - eu consegui me livrar das mãos dele, dando uma cotuvelada, e aproveitando o descuido, enfiei os manuscritos dentro da blusa
-é meu, é meu!- eu ri me gabando, mas ele avançou pra cima de mim de novo e os dois caímos no sofá, entre gargalhadas. Rob segurou meus braços com força e enfiou a mão dentro da minha blusa, os dedos roçando na minha pele ao pegar os papéis.
Eu o fitei ofegante e não só pelo “ pega pega”.
Ele ainda segurava meus braços com uma mão e eu sentia queimar aonde os dedos dele tinham estado.
-isto não é seu, Kristen
-isto é maldade! - eu resmunguei
Um sorriso perigoso dançou em seu rosto
-eu deixo você ler com uma condição
-Qual?
-Vai saber depois. Tem apenas que concordar
-Ok, tudo bem – concordei rápido e ele me deu os manuscritos, soltando meus braços
Eu quase dei pulinhos de satisfação, abrindo as folhas
-você vai ler agora?
-claro! Não quero perder tempo!
-então está me mandando embora?
-pode ficar se quiser. Arranja alguma cosa pra fazer – eu me acomodei na almofada, o ignorando
Comecei a ler avidamente adorando a história pelo ponto de vista do Edward.
Devo ter ficado tão entretida que nem vi o tempo passar, até que ouvi a porta bater.
Olhei pra cima e vi Rob voltando de algum lugar, com um violão na mão
-a quanto tempo saiu?
Eu estava no terceiro capitulo, então não deveria ser muito tempo
-fui pegar meu violão; já que fui sumariamente dispensado
-vai ficar tocando aqui? Fazendo barulho? Vai me atrapalhar!
-juro que não vou. Encare como uma trilha sonora;
Eu apenas sacudi a cabeça e voltei a leitura.
Mas em algum canto do meu cérebro, eu sabia que ele estava ao meu lado, tocando alguma canção desconhecida, mas que era até bem legal pra se ouvir lendo um livro.
Por fim, eu terminei os 12 capítulos.
-Muito bom! - exclamei – pena que não tem mais
Eu o fitei e ele estava olhando pra mim com aquele sorriso, mas continuou tocando
-hei, to falando com você! - eu lhe dei um tapa com os papéis e ele riu
-Calma, ficou me ignorando há horas e agora vem exigir atenção
-Horas?
Eu olhei o relógio e percebi que realmente estava lendo há horas
-Ah! Me desculpe! Me empolguei
-esta perdoada, apenas lembre-se de sua promessa
-que promessa? - eu me fiz de desentendida
-aquela de fazer o que eu quiser
-ah... esta promessa. Ok, pode falar. O que quer?
-ainda não
-Ah, Rob, fala sério!
-é sério.
-então conta
Ele apenas sacudiu a cabeça negativamente, sempre sorrindo daquele jeito que me dava nos nervos às vezes.
-esta bem. - eu me deitei de lado, segurando a cabeça numa mão e o observei tocar.
Ele tocava bem
-O que é isto?
-estou compondo
-agora?
-sim... você me inspirou
Eu ri. Certamente que ele estava fazendo piada.
Chutei a perna dele
-e vai ficar tocando a noite toda, ou vamos trabalhar?
-achei que estivesse trabalhando, lendo o manuscrito da Steph
-Sim, de certa forma. Mas ainda precisamos ler o roteiro.
-acho que terá que ficar pra outro dia.
-Não, não, não!
Eu pulei do sofá e peguei o roteiro voltando para seu lado.
-Vamos ler agora
-Não seja mandona Kristen
-Não sou mandona. Você que é preguiçoso
-eu vim com a intenção de trabalhar e você quis ler... isto foi feio.
-não jogue a culpa em cima de mim... e pare de ficar tocando enquanto conversamos, é irritante
Ele riu e parou
-Quer aprender?
-O que?
-a tocar
-eu? Eu sei tocar – falei exibida
Ele riu mais ainda
-ah é, então mostra – falou me passando o violão
Eu peguei me me sentei, tentando me lembrar da música que tive que aprender pra tocar em um filme. Porque fora a única vez que eu tocara.
E claro que foi um desastre
Rob riu de minha desafinação total e eu também não agüentei ficar séria
-para de rir! Me desconcentra.
-é isto que você sabe tocar?
-foi pra um filme que eu fiz
-posso te ensinar a fazer melhor do que isto
-oh! Quer me ensinar?
-vem aqui – ele pegou meus braços posicionando da maneira certa – segura o violão direito pra começar
Eu ri
-até parece que vai me ensinar algo de útil! E eu já disse! Eu sei tocar! - eu comecei a tocar uma música qualquer. Se é que aquilo podia ser chamado de música e Rob riu divertido
-vai começar a quebrar os vidros!
Ele chegou mais perto, quase atrás de mim, passando os braços em volta do meu corpo e tocando as minhas mãos com as suas, me mostrando o que eu deveria fazer.
Mas eu ria, totalmente distraída.
E o negócio destrambelhou de vez quando ele falou no meu ouvido
-Concentre-se, Kristen – eu dei uma risadinha. Mas não era de divertimento e sim com a cócega que sua respiração fez na minha orelha
-é difícil assim
-assim como – ele falou ainda mais perto. Se é que isto era possível
Eu quis dizer que era impossível me concentrar com ele tão perto, mas me calei a tempo
Ri, para desanuviar a tensão que tinha se formado na boca do meu estômago
-com você como professor, seu palhaço! - eu o empurrei e devolvi o violão
Ele sorriu
-sou um bom professor, Kristen. Você que é uma aluna relapsa
-Eu? Claro que não! Não inverta as coisas!
-Teremos que ter outra aula pra tirar a prova então
-de violão?
-do que você quiser
-oh... isto é um desafio?
-Pode ser.
-Eu vou cobrar
-teremos que arranjar testemunhas se começarmos com todas estas cobranças – ele falou se levantando
-você começou.
-ok, nisto você tem razão. - ele abriu a porta
-nos vemos amanhã?
Ele sorriu. De lado. Claro
-com certeza.
E ia fechando a porta atrás de si, mas eu o chamei
-hei, Rob, não vai mesmo me contar sobre o que vai querer em troca do manuscrito?
O sorriso se alargou no rosto, enquanto ele passava a mão pelos cabelos eternamente bagunçados
-Algum dia.


Continua...

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