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10 de julho de 2009

Capítulo 2 - A Primeira Noite

Oregon não era Washington. E muito menos Portland era Forks. Como eu não tinha olhos castanhos e sim verdes. Mas como tudo era fantasia, Portland virou Forks e meus olhos viraram castanhos com a ajuda miraculosa de lentes de contato. Era como ter alguém enfiando o dedo no seu olho constantemente. Piscava feito uma tonta, quando o vi pela segunda vez; O cabelo parecia pior do que antes e ele estava atrasado. Naquele dia teríamos que fazer teste de roupa, cabelo, maquiagem, estas coisas que nos fazem passar de simples mortais a vampiros ultra sexys. Não que eu fosse me transformar numa vampira sexy. Não, eu continuaria a pobre mortal comum.
-Oi – ele sorriu
-Oi. Ele aproximou-se o bastante para examinar meus olhos, com olhar indagador-Cadê seus olhos verdes?
-Bella tem olhos castanhos
-É mesmo.
-Você não leu o livro?
-claro que li. Pra seu conhecimento estou aqui a mais de um mês-fazendo o que?
-Conhecendo a área. Mas é ruim ficar sozinho. Acho que já conheço todos os bares da região. Eu levantei a sobrancelha
-Conhecer a região você quer dizer todos os bares? Ele gargalhou
-Algo assim
-Algo assim - eu repeti. Piscando mais uma vez. Teria que me acostumar àquelas lentes idiotas.
-O que vai fazer hoje a noite?
Eu virei-me para ele. Piscando, mas desta vez de surpresa e não por causa do material gelatinoso dentro do meu olho
-Como? - que quase berre
i-Pensei em lermos o script. Ensaiar – ele continuou
-Oh... Isto. E o que eu esperava? Que ele fosse me convidar pra sair? Não que eu almejasse sair com ele, entendam bem.Eu tinha namorado. Mas o que uma garota pode pensar quando um garoto pergunta “ o que vai fazer hoje a noite?; era questão de retórica.
-Tudo bem pra mim – me vi respondendo ainda meio aparvalhada. -na minha casa ou na sua?Ok, desta vez ele estava rindo. Claramente fazendo piadinha de duplo sentido. Como se eu precisasse daquilo pra ficar vermelha. Eu dei uma risadinha “ok, entendi a piada, engraçadinho” e desviei o rosto para o espelho, para ver o que a cabeleireira estava fazendo.
-na minha – respondi no meu tom mais casual – ou onde quiser. Não me importo;
-pode ser na sua. A minha esta desabitável mesmo. Eu o fitei -tem certeza que não atrapalharei a sua via cúcios pelos bares? Ele sorriu. Tinha sempre que viver sorrindo?
-eu já falei. Eu conheço todos da região. Talvez te leve a algum um dia destes Eu o fitei
-eu tenho 17
-e daí?
-e daí que você pode ser preso por corrupção de menores
-eu não seria um ator sem ao menos uma foto de cadeia
-tudo é piada pra você?
-nem tudo.Ele virou-se voltando a cantarolar, acendeu um cigarro e eu desviei o olhar, piscando. Malditas lentes.Eu já tinha lido o script. Mas agora era diferente. Nos sentamos na mesa de jantar cada um com um calhamaço de folhas de papel a frente. Ele fumava um cigarro. Já tinha percebido que ele fumava feito uma chaminé. Mas quem não fumava hoje em dia? Ele tamborilou os dedos na mesa, enquanto lia. E tentei ler também, mas estava ridiculamente distraída. Me mexi na cadeira várias vezes, tentando encontrar uma posição Ele levantou a cabeça e me fitou interrogativamente
-Algum problema? Parece ansiosa
-nada. Apenas distraída. Oh, Deus, ele deveria me achar uma amadora. Rob estendeu a mão com o cigarro
-Não, obrigada - recusei
Ele riu -esqueci que posso ser preso por isto Eu ri também
-algo assim
-quer fazer outra coisa? Acho que isto não vai render hoje
-fazer o que? - tentei não imprimir desconfiança na minha voz. Desconfiança do que? Ele deu de ombros
-Podemos dar uma volta. Pegue seu casaco
-mas...
-esta frio, Kristen.
-Achei que íamos ensaiar.
-Podemos ensaiar amanhã
-OkEu fui buscar meu casaco e quando passei em frente a um espelho aproveitei para passar as mãos pelos meus cabelos despenteados.Não é por que Rob parecia nem ligar para a desordem dos seus que eu tinha que segui-lo. Com certeza as pessoas o achariam charmoso por isto. Mas se eu andasse assim na rua iam me chamar de maluca. A noite estava fria e minha blusa era ridiculamente fina para aquela temperatura.
-Achei que fosse por uma blusa.
-Não estou com frio – respondi com pouco caso – aonde vamos? – perguntei reparando que ele agora vestia uma toca estranha no cabelo.
-Conhecer a cidade. Eu revirei os olhos enquanto ele chamava um táxi
-Há esta hora? Não acha que esta um pouco tarde não? Ele sorriu, abrindo a porta do carro para que ela entrasse
-tarde é relativo. Eu resolvi não discutir.
-ok, deveria imaginar que conhecer a cidade pra você queria dizer conhecer um bar. Eu olhei o ambiente underground a minha volta. Porque aquilo não me surpreendia? Uma garçonete aproximou-se. Na luz difusa do lugar, certamente ela não nos reconhecia. Não que fossemos, assim tão famosos. Mas as pessoas às vezes me reconhecia. E Pattinson fizera Harry Potter. Era alguma coisa. Definitivamente. Mas eu fiquei bastante satisfeita, dada as circunstâncias, de sair incólume. Ele pediu duas bebidas
-ok, talvez eles peçam minha identidade e aí seremos presos – eu completei
-você ficaria bem numa foto de delegacia. Ele juntou os dedos, como se esquadrinhasse meu rosto numa câmera e eu fiz uma careta
-perfeito.
-é sério, Pattinson, estamos bem longe de Hollywood.-Ninguém sabe quem você é aqui
-Por enquanto...Ele riu e tirou a toca preta, os cabelos cor de areia surgindo revoltos e eu tive uma estranha vontade de erguer as mãos e passar os dedos pelos fios revoltos. Mas não tive tempo de fazer algo tão sem noção, pois ele colocou a toca na minha cabeça.
-pronto, está disfarçada. Eu fiz uma careta. Deveria estar ridícula vestindo aquilo.
-Talvez fique melhor agora na tal foto de delegacia. - ironizei
-Pode ser. A garçonete aproximou-se colocando as bebidas sobre a mesa. Ela fitou Rob por um momento com cenho franzido
-Você não é...?
-Não. Ela sacudiu a cabeça, vermelha
-Ok, A moça se afastou e eu ri-Isto foi maldoso.
-Achei que não quisesse ser reconhecida
-Estamos falando de você. Ele passou a mão pelos cabelos, um risinho no canto dos lábios, me olhando nos olhos. E em minha mente me veio uma passagem da saga que eu devorara nas últimas semanas, não sei bem agora de qual livro“Olhar dentro dos olhos dele sempre faziam eu me sentir extraordinária - como se os meus ossos estivessem como esponja. Eu também ficava com a cabeça meio leve, mas isso podia ser porque eu esquecia de respirar”Foi exatamente assim que me senti naquele momento. Eu esqueci de respirar. E olha que nem tinha ingerido um gole da tal bebida na minha frente. Lembro que quando li este trecho tive vontade de rir, tentando imaginar alguém que sentia os ossos como esponja. Era impossível pra mim entender. Mas naquele momento eu entendia. Porque os meus ossos estavam como esponja.
-Mais alguma coisa? - o som da voz da garçonete que retornará, certamente esperando mais alguma atenção, me tirou do transe em que me encontrava e eu desviei o olhar. Tentando respirar, antes que ele percebesse meu desvario momentâneo.
-Não, obrigada – ele falou sorrindo pra moça.Ela também sorriu, como se tivesse ganho na loteria, antes de virar-se e se afastar. Pobre mulher. Mais uma deslumbrada. Juro. Eu tive pena dela
-Não vai beber? - ele perguntou Eu não bebia. Muito. Claro que vivendo em Hollywood a minha vida toda, eu já tinha ingerido bebidas alcoólicas. Em algumas festas que freqüentara as vezes tinha até mais que isto disponível. Mas eu não saía muito. Não era nem um pouco Lindsay Lohan. Na verdade eu era bem tímida para uma pessoa que estava em frente aos holofotes desde criança. Mas por algum motivo que fugia a minha compreensão eu tinha vontade de ser um pouquinho doida esta noite. Só um pouquinho, disse a mim mesma, enquanto pegava o copo Não era ruim. E nem era tão forte. Ele riu daquele jeito brincalhão
-Parece veterana já hein? Todo este papo de “Rob eu tenho 17 anos” - ele imitou minha voz e eu ri
-Eu não disse que nunca tinha bebido
-bom... *. Pelo menos não terei que carregá-la. Não. Eu não queria nem pensar numa possibilidades daquela, mas minha mente, que parecia estar fora do controle naquela noite, já começou a formar imagens de Rob me carregando...Chega, Kristen – eu me recriminei. Se continuasse naquele ritmo daqui a pouco estaria pior que a Bella, Ridículo. Sim, era isto. Passara tempo demais lendo twilight, e aquilo já estava me afetando. Estava tão distraída que quase dei um pulo ao sentir os dedos dele tocando minha testa
-porque tão séria? – ele indagou numa imitação perfeita do coringa de Batman, os dedos tocando o vinculo na minha testa. Eu afastei a mão dele, com um safanão, mas estava rindo. Certo, eu já estava rindo a toa e nem estava bêbada. Muito, muito promissor.
-Nada... Ele ia insistir. Eu vi pela cara dele.Mas fui salva pela voz no palco que anunciava uma banda de rock
-estes caras são legais – Rob comentou
-você conhece?
-já os vi tacando aqui
-você tem uma banda também? Ele deu de ombros
-Tenho algo assim, mas não é nada profissional. Meio que tocamos por bagunça mesmo Ok, era muito bonitinho o jeito que ele ficava pra falar de si mesmo Algo casual, algo como se não se levasse muito a sério. Os dedos passando pelos cabelos revoltos, o riso de lado. Eu podia descansar meu queixo entre as mãos e ficar ouvindo ele falar, só olhando, por um longo tempo e nunca me cansar. A banda começou a tocar e ele desviou a atenção para o palco. E eu fiz exatamente isto: descansei o rosto entre as mãos e fiquei olhando pra ele, enquanto o ouvia acompanhar a música. Como seria ele tocando? Eu fiquei curiosa de repente-o que você toca?
- indaguei por cima do som da música
-O que? Ele se inclinou para mais perto para me ouvir E de uma forma inesperada, eu me vi levantando a mão e tocando os fios revoltos de seus cabelos, como se fosse inevitável. Quase como uma compulsão.
-O que você toca - repeti mais alto, os dedos brincando entre os fios E então eu acordei. O que eu estava fazendo? Horrorizada, eu puxei a mão rápido, pegando o copo e levando a boca e evitando olhar pra ele
-violão e piano – ele respondeu casualmente Eu arrisquei fitá-lo com o canto do olho. Ele parecia nem ter notado meu ato impensado, continuava com os olhos fixos na banda. Eu procurei fazer o mesmo desta vez. Prestar atenção na música ajudava a me distrair. Ajudou. A banda era realmente boa. Eles podiam ter tocado por minutos ou por horas, eu não sei dizer. Mas lá pelas tantas, eles se despediram do palco. Eu olhei em volta e percebi que o bar estava quase vazio. Assim como meu copo.
Ops.-Vamos? - Rob perguntou
-Sim, já deve ser bem tarde – eu gemi olhando o relógio no meu pulso e constatando que era realmente muito tarde. E amanhã tinha trabalho duro. Eu levantei, sinceramente com medo de estar cambaleante. Seria vergonhoso. Não estava acostumada a beber. Mas eu estava bem. Ótimo. Ter que ser carregada pra casa não seria nada legal; seria humilhante na verdade. Saímos para a noite escura e eu estremeci de frio. Droga! Deveria ter trazido uma jaqueta. Mas quando saímos eu não tinha noção que voltaríamos tão tarde.
-Eu falei que estava frio – ele falou risonho, tirando a própria blusa
-Não, não! Não precisa – eu tentei falar ao ver sua intenção
-Não quero que morra congelada. Vamos, vista. Mas eu me recusei terminantemente.
-Eu não vou vestir sua blusa e você ficar com frio
-Kristen...-é sério. Nem adianta insistir. Ele deu de ombros. -Você é maluca – falou baixinho como que para si mesmo e chamou um táxi Eu entrei no carro rapidinho antes que congelasse de verdade. Infelizmente, o táxi não tinha aquecimento e eu passei as mãos pelos braços arrepiados de frio. Deveria ter aceitado a blusa de Robert... tarde demais Ouvi um riso baixo ao meu lado e me virei para ele irritada
-Nem vem com aquela frase “ eu te disse” por favor! - pedi Ele riu ainda mais
-eu não ia falar isto.
-Sei... De repente, ele estendeu o braço e sem que eu tivesse chance de escapar me puxou pra si. E eu me vi encostada nele, que puxou a jaqueta preta o suficiente para que me cobrisse também
-bem melhor assim – ele falou contra meus cabelos e eu fechei os olhos, Mortificada. Petrificada. Deveria ter aceitado a blusa quando tivera oportunidade. Antes que... antes que...Como é que de uma hora pra outra ele fazia aquilo? Sem ao menos me avisar? Ok, para ser sincera, o frio estava passando, bem rápido até. E meus dentes já não batiam. Não era o fim do mundo, justifiquei a mim mesma. Estava sendo ridícula. Ele não fazia nenhum movimento suspeito. Apenas me segurava contra si. Super normal. Rob apenas fora legal em não deixar que me congelasse por ser teimosa. Então eu relaxei de encontro a ele. Minha cabeça estava leve. Por causa da bebida? Certamente. Encostei-a em seu ombro, fechando os olhos, meus braços subiram como se tivessem vontade própria para descansar em seu peito. Super normal. Ainda bem que Rob não era Edward, pensei não contendo o riso
-Do que esta rindo? - ele indagou
-Se você fosse o Edward, eu estaria mesmo congelada. Ele riu também, o peito sacudindo levemente.
-Que sorte a sua. - ele falou abafado e eu tive a nítida impressão que os lábios dele estavam em meus cabelos. Mas neste momento o carro parou e o motorista se virou-chegamos!
Eu me desvencilhei dele, que ainda continuaria até sua casa, a poucas quadras da minha
-nos não ensaiamos – eu lembrei de repente me sentindo culpada. ele sorriu
-teremos outras noites-
esta não foi uma noite produtiva.
Definitivamente – eu falei saindo do carro e fechando a porta-depende do ponto de vista
– eu ainda o ouvi antes do carro dar partida. Eu olhei o carro se afastando sentindo o frio enregelante, agora que não tinha mais Rob pra me esquentar.

continua...

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