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12 de julho de 2009

Capítulo 4 - Clareira



Entre provas de roupas e reuniões de produção, eu o procurava com o olhar. mas eu não o vi durante todo o dia. Cheguei em casa sem saber se ele apareceria ou não. Apenas porque estava preocupada com os ensaios, claro. As gravações começariam dali a poucos dias e lá se iam as oportunidades de colocarmos o texto em ordem. Liguei a TV e estava passando um filme antigo. Era interessante. Mas minha mente estava longe... Cansada de tentar entender a história, eu desliguei a TV e peguei o roteiro. Se Rob não ia aparecer pra trabalhar, que se danasse. Eu não iria levar bronca por causa dele. Mas as letras dançavam na minha mente e eu devo ter adormecido, pois acordei de repente com o som incessante da campainha; Olhei o relógio. Era tarde. Mas eu sabia quem era. Era muita cara de pau bater na minha porta aquela hora, mas mesmo assim eu levantei cambaleante e abri a porta. Ele sorriu. Deslumbrante, foi a palavra que veio a minha mente. Desta vez, estava sem aquela toca ridícula e os cabelos dançavam rebeldes ao vento. Suspirei, nem sei porque. Eu estava brava? Certamente que estava. Mas bem la no fundo havia a constatação incômoda de que eu estava ridiculamente feliz por ele ter aparecido. Claro que eu devia estar contente. Era pelo trabalho. Chega de noites improdutivas.

-Ora, ora, quem apareceu – exclamei irônica Ele deu ombros

-Antes tarde do que nunca

-Achei que fosse melhor do que frases feitas... - minha atenção foi para um carro parado na minha porta. Era prata e era... Um volvo?Eu o fitei espantada

-O que é isto?

-Eu roubei

-Engraçado! Por acaso isto não é o mesmo da produção é?

-por acaso é. Mas e daí?

-Rob, como conseguiu pegar isto? Ficou maluco?

-Peguei emprestado... ou algo assim. Vou te levar em um lugar. Cadê o roteiro?

-Esta aqui em algum lugar

-Então vá pegar.

-Eu não vou a lugar nenhum com você

-Vai sim.

-Rob, estou falando sério. É tarde e...

-Mas nós vamos trabalhar Eu levantei a sobrancelha incrédula

-Vamos Kristen

-Quer mesmo que eu acredite em você?

-Não falei pra pegar o roteiro?

-Ok, mas é bom que não esteja de brincadeira. Eu voltei correndo e peguei os roteiros que tinha deixado jogados de qualquer jeito no chão

-Entra – ele falou abrindo a porta do carro pra mim Eu entrei, uma estranha sensação de irrealidade me dominava. Pior que não era de hoje. Era desde que eu pisara no Oregon. Ou seria desde que comecei a ensaiar com Robert? Ou tentar ensaiar seria a palavra adequada. Eu o fitei de soslaio. Ele cantava uma música, os dedos tamborilando no volante. De repente ele me fitou e sorriu um daqueles sorrisos de lado e eu tive a necessidade fremente de falar alguma coisa bem neutra

-Você não acha que o roteiro esta muito diferente do livro?

-O que?

-o roteiro. Está diferente. Acha que as pessoas vão odiar?

-elas já me odeiam mesmo – falou casualmente Claro que eu sabia do que ele estava falando. Os fãs não foram muito simpáticos com ele até agora.

-duvido que odiarão por muito tempo. Você tem este efeito sobre as pessoas

-que efeito?

-Como se não soubesse

-não sei não Ok. Ele estava me provocando. Mas eu também sabia que ele não podia ser tão indiferente como tentava aparentar sobe o fato de muitos fãs não gostarem dele como Edward Mas o que eu podia dizer pra convencê-lo?- Você é tão lindo quanto qualquer vampiro imortal?Não-. Era melhor não dizer nada.

-O que fez hoje? Não te vi – mudei de assunto

-fono. Para sotaque americano – ele respondeu sem o sotaque inglês. Era estranho. Já estava acostumada com aquele sotaque, que pra ser sincera era bem charmoso.

-Esta razoável – caçoei Ele apenas riu e parou o carro

-Onde estamos?

-Adivinha Eu saí do carro e reconheci uma das locações pelas placas indicativas Rob segurou minha mão, me puxando para dentro da cerca amarela de proteção

-A gente deveria estar aqui? - eu cochichei Ele acendeu uma lanterna na minha cara

-a pergunta seria: podemos estar aqui?

-que seja... - falei preocupada

– podemos?

-acho que não. Mas quem se importa? Mais uns passos e estávamos na clareira. A Clareira do Edward. Que aquela hora parecia um breu Eu ri -esta brincando não é?

-na sua casa não estava rendendo mesmo

-tenho que concordar com você Ele deitou e acendeu um cigarro Eu fiz o mesmo. Quer dizer, tirando a parte do cigarro

-A quanto tempo você fuma? - perguntei curiosa

-nem sei Eu virei, apoiando minha cabeça na mão

-não sei nada sobre você – falei surpreendendo a mim mesma Não sei porque, mas de repente eu estava muito curiosa sobre ele

-o que quer saber?

-sei-lá. Qualquer coisa Ele ficou em silêncio por alguns instantes

-minhas irmãs me vestiam de mulher e me chamavam de Cláudia quando eu era criança Eu ri

-fala sério!

-mas é sério Eu comecei a gargalhar, deitando no chão como ele

-Sua vez – ele falou Eu fechei os olhosEra realmente muito bom estar ali, no escuro, apenas os sons da noite nos acompanhando E a fumaça do cigarro no meu nariz. Eu tossi e ele riu

-Pela amor de Deus, Robert, apaga isto! Ele riu ainda mais, mas apagou o cigarro

-satisfeita?

-bem melhor assim. Suas namoradas não reclamam disto não?

-namoradas? No plural? Eu dei de ombros

-Não sei... pode até ser. Diga-me você

-Diz você primeiro. Quantos namorados?

-Um só

-Não imaginei que fosse tão provincianaEu soquei o ombro dele.

-esta pensando que eu sou o que? Só por que nasci e cresci em Hollywood devo ser maluca? Esta vendo programas de fofoca demais!

-estava brincando, Kristen

-Eu só queria deixar isto claro!

-esqueci que tem 17 anos, nada de bebidas e drogas e.. garotos

-pula a parte dos garotos

– eu não resisti

-oh oh – ele riu malicioso

– garotos são permitidos

-um garoto apenas

-como falei, bem provinciano... há quanto tempo vocês estão juntos? - ele indagou pegando o maço de cigarro. Mas antes que ele conseguisse pegar, eu arranquei da mão dele e botei no bolso do meu jeans

-quase dois anos – respondi, ignorando a cara feia dele mas como era de praxe, ele não ficou bravo por mais de alguns segundos

-uau. É muito tempo

-você mesmo disse, sou “provinciana” - falei imitando seu sotaque inglês

-a vida é curta pra ser provinciana, Kristen

-Cala a boca, Cláudia Nós rimos até cairmos no silêncio. E eu me vi pensando sobre o que ele tinha dito. Será que eu era mesmo uma pessoa que não aproveitava a vida? Me sentei, sentindo-me incomodada

-O que foi? - perguntou num tom preguiçoso Eu abracei os joelhos junto ao corpo, sentindo frio pela primeira vez na noite.

-Acha mesmo que sou assim?

-Assim como?

-provinciana...Ele sentou-se ao meu lado

-Você pode ser o que quiser, Kristen

-não quero ser como os outros

-não precisa ser.

- Ele afastou uma mecha dos meus cabelos, os dedos permanecendo no meu rosto

– não sei porque luta pra ser comum, quando nasceu pra se sobressair Talvez fosse a escuridão, mas a proximidade dele me deixou nervosa. Ou temorosa, ou algo assim. Algo que eu nem queria
analisar.O que eu sabia era que alguma coisa dentro de mim gritou para que me afastasse dele e foi o que eu fiz, deitando de novo na grama fria Ele deitou meu lado

-acho que esquecemos o roteiro em algum lugar E ele riu, aquele riso contagiante. E de repente eu ri também, a tensão passando como se nunca tivesse existido. E eu percebi que não existia outro lugar do mundo que eu gostaria de estar naquele momento. Ao lado daquele inglês de cabelos bagunçados e riso fácil. Que fumava feito uma chaminé, mas era capaz de fazer com que eu me sentisse a pessoa mais corajosa do mundo. Talvez ele tivesse razão e eu estivesse desperdiçando algo vital. Ao lado dele tudo parecia tão fácil... e talvez fosse. Ele estendeu o braço e sem falar nada, eu deitei minha cabeça em seu ombro contemplando o céu nublado e sem estrelas acima de nossas cabeças.

-Kristen?

-Hum?

-Nunca mude. Eu gosto de você assim

Eu sorri e fechei os olhos Me sentindo feliz demais. Ou algo assim.


Continua...

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